10/04/2022 07h05
Foto: Divulgação
O desmatamento na Amazônia brasileira retrocedeu 15% em março em relação ao mesmo período de 2021, mas registrou um primeiro trimestre recorde, segundo dados do Instituto de Investigação Espacial (INPE).
As imagens do programa de vigilância Deter do órgão mostram que, no mês passado, desapareceram 312km² de floresta amazônica, frente a 368km² em março de 2021 e 327km² em março de 2020.
Esse retrocesso, porém, se dá após um desmatamento recorde em janeiro e fevereiro, especialmente preocupante porque se trata da temporada de chuvas na Amazônia, geralmente um período de pouco desmatamento.
No total, foram desmatados 941km² no primeiro trimestre, o máximo desde que começou a ser utilizado o programa Deter, em 2015.
“Claramente, temos assistido, nos últimos anos, a um retrocesso em matéria de política ambiental e o resultado é visto com os recordes de desmatamento para o primeiro trimestre de 2022 e nos anos anteriores”, explicou em um comunicado Cristiane Mazzetti, porta-voz do Greenpeace Brasil.
Desde a chegada ao poder em 2019 do presidente Jair Bolsonaro, o desmatamento anual médio da Amazônia brasileira aumentou mais de 75% em relação à década anterior.
O governo Bolsonaro é acusado de favorecer a impunidade dos garimpeiros de ouro, dos pecuaristas e dos traficantes de madeira que praticam o desmatamento ilegal, além de ter realizado cortes orçamentários dos órgãos de controle ambiental.
“A conservação das florestas é uma das soluções preconizadas pelo Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC) para limitar o aquecimento do planeta em 1,5ºC. O Brasil poderia ser um líder mundial sobre a questão climática, mas o governo vai deliberadamente na direção oposta”, afirmou Mazzetti.
A cifra trimestral mostra que o Brasil, que abriga 60% do bioma amazônico, poderia bater um novo recorde de desmatamento em 2022.
Segundo dados publicados em novembro pelo Prodes, outro programa do INPE, o desmatamento da Amazônia totalizou 13.235km² no período de referência de agosto de 2020 a julho de 2021, o máximo em 15 anos.
Fonte: AFP