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Sustentabilidade

Dia do Cerrado: bioma é o segundo mais ameaçado no país

Estudo mostra que área perdeu 27% de vegetação nativa em 39 anos

11/09/2024 16h31

O segundo maior bioma brasileiro também ocupa essa posição (segundo) quando o assunto é ameaça à biodiversidade e aos serviços ecossistemáticos. De acordo com estudo realizado pela Mapbiomas, o Cerrado perdeu 27% de sua vegetação nativa nos últimos 39 anos, o que representa 38 milhões de hectares.

Em toda a cobertura natural do país que sofreu transformação no uso do solo, o bioma, proporcionalmente, só foi menos afetado que o Pampa, que perdeu 28% de vegetação nativa ao longo desses anos.

Também conhecido como savana brasileira, o Cerrado ocupa 25% do território nacional, em 11 estados que se estendem do Nordeste à maior parte do Centro-Oeste, e mantém áreas de transição com praticamente todos os biomas, exceto os Pampas. Pelas características adquiridas no contato com mais quatro ecossistemas (Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga), é considerada a savana mais biodiversa do planeta.

Ao longo desse período, o bioma teve 88 milhões de hectares atingidos pelo fogo, o que causou a perda de 9,5 milhões de hectares. Embora seja mais resiliente aos incêndios, pesquisadores apontam que as mudanças climáticas associadas ao uso indiscriminado do fogo têm ameaçado a integridade de sua cobertura natural. “É essencial implementar políticas públicas que promovam a conscientização, reforcem sistemas de monitoramento e apliquem leis rigorosamente contra queimadas ilegais”, reforça a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Vera Arruda.

Junto com a cobertura natural do solo, a perda do Cerrado significa perder também a sua enorme capacidade de reter gás carbônico na biomassa de suas longas raízes, de recarregar a água subterrânea e de manter o ciclo hídrico que equilibra o planeta. “Temos observado que as áreas úmidas no Cerrado estão secando. Além disso, a expansão da agricultura sobre essas áreas vem ocorrendo em algumas regiões no bioma, o que pode afetar o abastecimento hídrico e resultar em escassez de água para a população e para a agricultura, aumentando também a vulnerabilidade a desastres climáticos e à perda de biodiversidade”, alerta Joaquim Raposo, pesquisador do Ipam.

Para se ter uma ideia, de toda a área perdida ao longo dos 39 anos estudados, 500 mil hectares foram de áreas úmidas substituídas principalmente por pastagem. São áreas naturais consideradas fundamentais na manutenção dos recursos hídricos, presentes em 6 milhões de hectares do bioma onde nascem oito das 12 bacias hidrográficas brasileiras.

Neste 11 de setembro, em que é celebrado o Dia do Cerrado, organizações da sociedade civil como os institutos Cerrados, Sociedade População e Natureza, Ipam e WWF Brasil lançaram uma campanha de sensibilização sobre a relevância do bioma e os desafios a serem enfrentados para a sua preservação.

Chamada Cerrado, Coração das Águas, a campanha foi lançada em um site que reúne informações relevantes sobre o bioma, suas características, biodiversidade, povos, turismo e caminhos para a preservação, além de reunir boas histórias dessa “floresta invertida”.

Foto: Joédson Alves - Agência Brasil

Preservação na Bahia

Na Bahia, as ações de preservação do Cerrado têm sido um exemplo de sucesso. O estado foi o único a registrar uma redução de 52,4% no desmatamento deste bioma na localidade do Matopiba (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia), conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), graças à implementação de políticas ambientais eficientes, como o Pacto pelo Cerrado.

Na Bahia, as ações de preservação do Cerrado têm sido um exemplo de sucesso. O estado foi o único a registrar uma redução de 52,4% no desmatamento deste bioma na localidade do Matopiba (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia), conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), graças à implementação de políticas ambientais eficientes, como o Pacto pelo Cerrado.

As ações de fiscalização, educação ambiental, prevenção de incêndios e a gestão compartilhada com municípios e consórcios públicos são os pilares que sustentam o plano de ação do Pacto pelo Cerrado, uma iniciativa que se estende de 2023 a 2027 com o objetivo de reduzir o desmatamento ilegal e restaurar áreas degradadas do bioma.

O pacto prevê ainda a modernização das ferramentas de monitoramento florestal e a realização de operações planejadas, como a Operação Mata do Guará, que, segundo a diretora-geral do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Maria Amélia Lins, visa combater o desmatamento e outros crimes ambientais em seis municípios da região Oeste da Bahia.

“Além das ações pontuais desencadeadas por denúncias, o Inema já implementou diversas operações de fiscalização ambiental com foco no combate ao desmatamento no Cerrado. Uma das ações que teve um impacto significativo na redução do desmatamento ilegal em propriedades rurais foi a Mata do Guará, onde realizamos ações prioritárias que visam à redução do desmatamento ilegal e à promoção do desenvolvimento sustentável”, afirmou a diretora Geral do Inema.

Só neste ano de 2024, a Operação Mata do Guará fiscalizou quase sete mil (6.746) hectares, resultando na aplicação de aproximadamente R$ 2.230.819,00 reais em multas por infrações ambientais no Cerrado baiano, com o apoio da Companhia Independente de Policiamento de Proteção Ambiental (Cippa). A ação também reintroduziu espécies ameaçadas, como o lobo-guará, símbolo da operação, em áreas restauradas do Cerrado, contribuindo para o equilíbrio da fauna local.

Neste Dia do Cerrado, a Sema e o Inema reforçam o compromisso de conservar e proteger o cerrado baiano, e convida toda a comunidade a refletir sobre a importância de preservar esse importante bioma, que desempenha um papel crucial na regulação climática, na conservação da biodiversidade e na manutenção dos recursos hídricos que abastecem milhões de pessoas.