Utilizamos cookies de terceiros para fins analíticos e para lhe mostrar publicidade personalizada com base num perfil elaborado a partir dos seus hábitos de navegação. Pode obter mais informação e configurar suas preferências AQUI.

Artigo

Expertise no transporte de medicamentos

Sergio Maia

21/05/2021 06h09

Imagem - Ilustrativa

Chama a atenção de muitos transportadores a possibilidade de trabalhar com a medicamentos, devido aos valores de frete que, muitas vezes, são os mais altos deste nicho de mercado. Mas... cuidado, nem tudo que reluz é ouro e trabalhar com saúde humana não é para qualquer transportador, pois requer muita especialização, alinhamento com regras da Anvisa, se o transporte for no Brasil, além de cuidados no manuseio e autorizações de órgãos reguladores diversos.

O transporte de medicamentos tem particularidades que normalmente não existem no transporte de produtos “comuns”. Isso ocorre devido a esses medicamentos terem sensibilidade às variações de iluminação, umidade e temperatura, por exemplo. Sendo assim, é fundamental manter um cuidado com a qualidade no manuseio, armazenamento e envio para que os remédios ainda sejam eficazes quando chegam ao consumidor.

Vamos tentar, nesse breve artigo, passar algumas informações básicas e necessárias para quem pretende transportar medicamentos, ou materiais médicos. Primeiramente, devem seguir as regulamentações de transportes exigidas para que as empresas possam  trabalhar corretamente neste mercado:

AFE - Autorização de Funcionamento da Anvisa, para transporte de medicamentos;

AE – Autorização Especial, para transporte de medicamentos controlados;

Autorização da Vigilância Local, geralmente nas Secretárias de Saúde das prefeituras, pois é mais comum estes órgãos emitirem as licenças e alvarás de funcionamento para transportadoras de medicamentos.

Outro ponto: para transportar medicamentos, é necessário que a transportadora tenha o CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) no CNPJ e também no Alvará Funcionamento Municipal da PJ (Pessoas Jurídica). Além disso, a transportadora precisa ter uma profissional de Farmácia ou Bioquímica, a depender das atividades que preste serviços, para validar os processos e assinar os documentos e responder juntos aos órgãos fiscalizadores.

Outro tema muito importante é conhecer as regras das RDC da Anvisa, inerentes ao transporte de medicamentos, principalmente a RDC-430.

Inclusive, esclarecemos que há medicamentos com várias temperaturas de conservação, como termolábeis 2oC a 8oC, outros devem ser transportados a 15oC a 30oC, e há também vacinas, por exemplo, que precisam ser transportadas a -70oC, provavelmente com gelo seco, para evitar que as temperaturas dos medicamentos excursionem (saiam dos seus parâmetros) pois, se isso acontecer, o medicamento pode ficar impróprio para o uso humano. Aqui vai apenas uma observação, a Anvisa é soberana quando se trata de regras de transporte de medicamentos dentro do Brasil, inclusive ela fica acima da chancela da OMS (Organização Mundial de Saúde), por isso que, por exemplo, as vacinas da Covid no Brasil, para serem utilizadas no país, precisam ter homologação e autorização da Anvisa.

Há também um trabalho prévio ao transporte de medicamentos para qualificação das embalagens, testes de embalagens, uso de isolantes térmicos apropriados, refrigerantes, preenchimentos de ERU, enfim, uma infinidade de requisitos que precisam ser cumpridos para conservar os medicamentos na temperatura, luminosidade e umidade adequadas durante o trajeto. Já pensou iniciar o transporte em São Paulo e ter como ponto final o Mato Grosso? Quanto a temperatura pode variar no trajeto e quem sabe até danificar o produto, caso o veículo, isolantes térmicos, caixas térmicas, dentre outros equipamentos não tiverem sido bem dimensionados? Inclusive transportadoras de medicamentos costumam medir toda a temperatura do trajeto, por intermédio muitas vezes de termopares, data loggers, termômetro espeto, dentre outros equipamentos e gadgets, para terem segurança nos dados do transporte e eficácia na movimentação de ponta a ponta (Ex.: Indústria para Distribuidoras).

Hormônios e vacinas, possuem valor agregado geralmente mais alto, e precisam estar adequados a cadeia do frio (o Instituto Racine de São Paulo têm vários cursos que podem ajudar os interessados a aprenderem mais sobre a “cold chain” e o transporte de medicamentos). Quando falamos de embalagens para transportes (passiva -  isopor e ativa - veículos com “termokings” ou “evirotainers”), temos o grupo Polar de São Paulo, que é especializado nesse segmento e certificador de embalagens também, além de transportador da cadeia do frio e medicamentos. Outra empresa argentina muito grande e organizada que transporta medicamentos é a Andreani, que está fazendo o transporte da vacina, contra a Covid-19, Sputnik em diversas localidades do exterior.   

Algumas das principais falhas que ocorrem na cadeia do frio e medicamentos são: excursão de temperatura, falha na preparação da embalagem, tempo de maturação do gelo, qualificação da embalagem, por isso as transportadoras precisam estar atentas para não entrarem nessa “gelada” e incorrem em erros no transporte.

Logística de medicamentos, ou farmacêutica é direito do paciente, portanto não faça se não estiver preparado, estamos falando de vidas humanas que podem ser prejudicadas, quiçá ceifadas, se essa logística não for bem feita por logísticos profissionais devidamente treinados e habilitados.

Sérgio Maia é consultor e profissional de Logística há 22 anos. [email protected]

O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos seus autores. Não representa a opinião do MODAIS EM FOCO