10/02/2025 08h48
Foto: Divulgação
O Brasil registrou, desde 2015, 1.580 acidentes aéreos, com 355 ocorrências envolvendo falha ou mau funcionamento do motor das aeronaves. Os dados divulgados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) revelam a importância da manutenção preventiva e dos cuidados operacionais para garantir a segurança no setor aéreo: dois a cada dez acidentes ocorrem por falhas no motor.
Impacto das falhas no motor
De acordo com os dados coletados pelo Cenipa, cerca de 20% dos acidentes aéreos no Brasil estão relacionados a falhas no motor, seja de forma isolada ou combinada com outros fatores. Em números absolutos, isso representa 355 acidentes, um dado preocupante que destaca a necessidade de manutenção rigorosa e uma fiscalização constante para garantir a operação segura das aeronaves.
Esses números não incluem o trágico acidente ocorrido na Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, na última sexta-feira (7). Um avião de pequeno porte caiu durante uma tentativa de pouso, atingindo um ônibus e causando uma explosão. Duas pessoas que estavam na aeronave morreram, e outras sete ficaram feridas, sendo socorridas em solo. O Cenipa segue investigando as causas desse acidente.
O acidente envolveu uma aeronave King Air F90, que decolou do Aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, por volta das 7h15, com destino à Porto Alegre. O piloto tentou realizar um pouso forçado na Avenida Marquês de São Vicente, mas a aeronave acabou atingindo um ônibus que passava pela via, resultando em uma explosão. Ambos os ocupantes da aeronave, Medeiros e Carpena, faleceram no local. Seis pessoas que estavam nas proximidades sofreram ferimentos leves, mas não correm risco de vida. A Polícia Civil registrou a ocorrência como homicídio culposo e lesão corporal.
Outras causas de acidentes aéreos
Além das falhas no motor, o Cenipa também identificou outras causas recorrentes de acidentes aéreos no Brasil. Entre as mais comuns estão:
Esses números evidenciam que, embora as falhas no motor sejam um fator significativo, diversos outros aspectos da operação aérea, como o controle da aeronave e a gestão da pista, também desempenham papéis cruciais na segurança da aviação.
Aviação de pequeno porte e riscos associados
Outro dado, proveniente de um levantamento realizado pelo Departamento de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), é o número de acidentes envolvendo aeronaves de pequeno porte. Nos últimos 10 anos, houve 1.471 acidentes com esse tipo de aeronave, dos quais 681 resultaram em vítimas fatais. As operações consideradas no levantamento incluem aviação agrícola, especializada, experimental, de instrução, privada e de táxi aéreo.
O SNA chama a atenção para a necessidade urgente de aprimoramento das práticas operacionais e da capacitação dos pilotos.
“A aviação particular, agrícola e táxi aéreo, por serem menores em sua natureza e menos regulados em função do tipo de operação, são os que possuem menos barreiras de defesa para a prevenção de acidentes e incidentes”, afirma o diretor jurídico do sindicato, Diego Barrionuevo.
Manutenção preventiva e fiscalização
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) é a responsável por fiscalizar a manutenção das aeronaves de pequeno porte. A Inspeção Anual de Manutenção (IAM) é uma exigência obrigatória para garantir que todas as aeronaves estejam aptas para o voo, e que seus componentes e equipamentos estejam em boas condições de funcionamento.
No entanto, especialistas indicam que é necessário um reforço na fiscalização e na exigência de manutenção preventiva, principalmente nas aeronaves menores, que muitas vezes operam com menos recursos para garantir a segurança da tripulação e dos passageiros.
Fonte: Estadão Conteúdo