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26/08/2024 13h51
Foto: Divulgação
A concessão e o saldo de crédito para o financiamento de veículos voltaram a crescer ao longo do último ano, por meio da retomada na produção das montadoras e uma melhora no perfil de crédito dos clientes.
A carteira de crédito dos bancos verificou os efeitos da retomada, em um marco da recuperação do apetite das instituições por linhas de maior risco. Em junho deste ano, a concessão de financiamentos automotivos no país somou R$ 16,8 bilhões, de acordo com o Banco Central.
Esse número equivale a um aumento 32,5%, em relação ao mesmo mês do ano passado, quando apareciam os primeiros sinais de recuperação das concessões após um 2022 de crédito restrito. Da mesma forma, a inadimplência caiu de 5,5% para 4,5% no intervalo de um ano.
De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a liberação de crédito acompanha o crescimento dos emplacamentos de veículos novos, que ficou em 15,6% no primeiro semestre de 2024.
“Passamos 2022 desacelerando o transatlântico e, da mesma forma que fomos o primeiro banco a tirar um pouco o pé, começamos a perceber, no começo de 2023, uma situação melhor”, afirmou Cezar Janikian, diretor da Santander Financiamentos, líder em financiamento automotivo no país. “As montadoras começaram a ter uma maior agressividade comercial, e a aceleração efetivamente começou no final de 2023”, complementou.
Impulso comercial
Através do impulso comercial, a consequência foi um primeiro semestre de vendas fortes, sendo que a sazonalidade do mercado de automóveis é mais positiva na segunda metade do ano. “Isso geralmente não acontecia. Em janeiro, geralmente acontecia uma queda em relação a dezembro”, disse o diretor da Bradesco Financiamentos, Henrique Fernandes.
Este fenômeno incomum gerou a produção de recordes nos bancos. No Santander, foram R$ 26,5 bilhões liberados no primeiro semestre. Enquanto isso, no BV, companhia que lidera o financiamento a veículos leves usados, foram R$ 13,6 bilhões.
“Tem fatores macroeconômicos que ajudaram o mercado a ser maior, mas nós estávamos preparados em termos de capacidade de crédito e preço para fazer valer a nossa presença e liderança”, comentou Jamil Ganan, superintendente de Auto Finance, Solar e Empréstimo do BV. O banco tem cerca de 1.000 agentes comerciais espalhados pelo país e mais de 50 filiais.
Cálculo
Para cada carro novo emplacado no Brasil, cinco usados foram vendidos. Com essa equação no primeiro semestre, os bancos tendem a acreditar que esse número deve convergir para uma relação de um para quatro, diante da normalização da produção das montadoras. Entre 2021 e 2022, a pandemia da Covid-19 afetou as cadeias de suprimento, reduziu a produção e fez o preço, tanto dos novos quanto dos seminovos, disparar.
“A base de ativos potenciais deve ter um aumento de cerca de 15%”, relatou o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras (Anef), Paulo Noman.
De acordo com ele, o aquecimento no mercado de usados ajuda os bancos de montadoras e também as financeiras a recuperarem valores quando retomam carros cujo financiamento não teve quitação.
Ainda assim, a relação não deve voltar ao quadro que, segundo Noman, se via em 2014. Além da produção das montadoras estar menor, o preço médio do carro novo subiu, com a alta dos custos, em especial os atrelados ao dólar.
“No passado, as montadoras vendiam também os carros populares, que eram a tração desse mercado”, afirmou Rodrigo Paulino Duarte, superintendente executivo da Bradesco Financiamentos.
Além disso, outro impulsionamento de crédito dos bancos aconteceu por conta de as pessoas estarem financiando mais a compra do carro e pagando menos à vista. No primeiro semestre, o financiamento de veículos chegou a 49% do total, segundo a Anef, representando a maior taxa nos últimos quatro anos.