27/02/2023 08h17
Foto: Ilustrativa
A B3 lançou sua primeira carteira de 2023 do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), a 18ª, que reúne 70 empresas, um recorde, e que, juntas, equivalem a cerca de R$ 2 trilhões em valor de mercado.
Além do aumento no número de empresas – 23 a mais que a 17ª edição – essa última também tem mais diversidade de setores que a anterior, são 37 contra 27.
“Com 47 empresas e menos setores, o índice estava mais concentrado. Agora com 70, é positivo, pois há uma maior diversificação dos setores. Isso ajuda a equilibrar melhor o índice”, avalia Marcella Ungaretti, head de Research ESG na XP Investimentos.
De acordo com especialistas, o recorde de empresas que agora fazem parte do ISE B3 demonstra maior preocupação com questões de sustentabilidade e práticas de governança corporativa, pilares do ESG (sigla do inglês que significa Ambiental, Social e de Governança Corporativa).
Para Fabricio Soler, advogado ambientalista e professor de pós-graduação em Direito Ambiental e Gestão Estratégica da Sustentabilidade da PUC-SP, esses valores estão “em alinhamento às políticas de mitigação e adaptação das mudanças climáticas adotadas mundialmente.”
É também um sinal de que há um amadurecimento das empresas com a consolidação do ESG e seus critérios passam a ser considerados “na avaliação de riscos, oportunidades e respectivos impactos, com objetivo de nortear atividades, negócios e investimentos sustentáveis”, explica.
As discussões trazidas pela COP27 – Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas realizada em novembro, no Egito – também impulsionam a adoção da agenda ESG e a participação no ISE B3, na opinião do professor. “A COP27 trouxe discussões relevantes ao mercado, além de reiterar o compromisso firmado anteriormente de buscar limitar o aumento de temperatura global em 1.5°C.”
Soler destaca ainda que a Conferência do clima convocou bancos multilaterais e instituições financeiras para simplificar o acesso e promover o financiamento climático aos países em desenvolvimento.
Critérios
Para participar do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, as companhias devem obrigatoriamente atender a critérios relacionados às práticas empresariais ESG.
Com o interesse em participar da ISE B3, a nota ESG da companhia é divulgada ao mercado, conforme explica Marcella Ungaretti. A partir daí, a B3 verifica quais podem entrar no índice ou não.
Cesar Sanches, superintendente de Sustentabilidade da B3, elenca quais são os critérios para participar da ISE B3:
Sanches destaca que, com base nesses critérios, as companhias elegíveis são convidadas para o processo, mas a participação é voluntária e gratuita.
Na composição da 18ª carteira, 83 empresas que se inscreveram estavam elegíveis, mas, após o processo seletivo, 70 foram aprovadas, incluindo as 47 que já faziam parte das carteiras formadas em 2022.
Sanches explica que a B3 aprimorou a metodologia de avaliação das empresas em 2021. “A atual metodologia tornou o índice mais simples e transparente para os investidores. O processo também ficou mais objetivo para as empresas, e os questionamentos estão mais próximos ao que o mercado está habituado a reportar, considerando a sinergia com os padrões internacionais”.
Marcella, da XP, ressalta que não significa que as empresas que fazem parte do ISE B3 estão no pleno estado ESG. “A agenda ESG é uma jornada. As empresas precisam melhorar essa abordagem a longo prazo”.
Veja as empresas que fazem parte da 18º carteira do ISE B3
A carteira do ISE B3, válida para o período entre janeiro e abril de 2023, é composta pelas seguintes empresas:
Fonte: CNN