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Transporte Aquaviário

Indústria e Economia do Mar navegam juntas

Grande parte da produção do setor é exportada por vias marítimas

29/06/2021 11h27

Foto: Divulgação

Uma das principais fontes de riquezas do Brasil, o litoral do País rende cerca de R$ 2 trilhões por ano, o equivalente a 19% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, de acordo com dados da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, órgão que abrange 15 ministérios e é coordenado pela Marinha.

A chamada Economia do Mar, também conhecida como Economia Azul, considera fatores como a produção de petróleo e de gás, a defesa, os 235 portos do País, o transporte marítimo, a indústria naval, a extração de minérios além do petróleo, o turismo, a pesca, as festas populares ligadas ao mar e a culinária marinha. Nesse sentido, o setor industrial exerce um papel de relevância, uma vez que grande parte da produção deste segmento é exportada por vias marítimas.

Maior exportadora individual do Porto de Salvador, a Bracell Bahia exporta 98% da sua produção, o que significa que 460 mil toneladas de celulose são embarcadas para outros países pelo modal marítimo todos os anos. Os 2% referentes à venda ao mercado interno também utilizam o mar como meio de escoamento. Os embarques e desembarques entre a Bahia e o Sudeste do país acontecem por meio de cabotagem, como é chamada a navegação costeira de mercadoria.

O plantio de eucalipto no Litoral Norte e na região Agreste da Bahia representa a principal matéria-prima para a produção de celulose solúvel da companhia. As árvores são colhidas aos seis anos de idade e transportadas até a planta em Camaçari por modal rodoviário (rodovias BR-101 e BA-093).

Do polo ao porto

A gerente de Logística da Bracell Bahia, Fernanda Fernandes, explica que químicos específicos fornecidos, em sua maioria, por indústrias do Polo Industrial de Camaçari são adicionados à esta madeira. “A celulose é então produzida em bobinas e fardos que são acondicionados em contêineres ou em fardos unitizados. Posteriormente, esta carga é transportada de Camaçari até o Porto de Salvador, onde é embarcada em navios específicos para cada tipo de carga”, acrescenta.

Ao chegar aos seus destinos, a celulose solúvel produzida pela Bracell atende a diferentes mercados, como as indústrias farmacêutica, alimentícia e têxtil – sim, até mesmo em medicamentos, comidas e roupas que as pessoas consomem diariamente. Cerca de 50% das exportações da Bracell são realizadas pelo terminal privado de contêineres (Tecon Salvador), enquanto a outra metade é embarcada pelo terminal público de carga geral (Codeba), ambos situados no Porto de Salvador.

Modernização e ampliação

Principal usuária do Porto de Aratu-Candeias, a Braskem, opera há 30 anos no local com seus terminais de matéria-prima, de gases e líquidos. Líder mundial na produção de biopolímeros, a companhia investiu na infraestrutura portuária, o que permitiu uma ampliação da produtividade e performance. Os aportes foram realizados para melhorias nas instalações dos Terminais de Gases Liquefeitos (Tegal I e II), construção de um novo píer, modernização do terminal de Aratu e adaptação no duto de interligação do porto com a unidade industrial no Polo.

“A infraestrutura portuária da Bahia tem grande valor estratégico para as operações da Braskem, garantindo maior competividade internacional para a empresa, com a importação de matéria-prima e exportação de sua produção por meio do transporte marítimo. Ciente disso, a Braskem investiu ao longo dos anos na modernização e ampliação do terminal portuário, promovendo o desenvolvimento sustentável da Economia do Mar”, destaca Carlos Alfano, diretor Industrial da Braskem na Bahia.

Desenvolvimento sustentável

O transporte marítimo também foi protagonista de uma ação inédita realizada recentemente pela Braskem em parceria com a Trafigura (Trafigura Group Pte Ltd), uma das principais empresas independentes de comércio de commodities do mundo. As duas companhias promoveram a primeira operação de carregamento de nafta com compensação de carbono do mundo. A carga saiu do Texas (EUA), e foi transportada para o Porto de Aratu-Candeias. A iniciativa está alinhada com o compromisso da petroquímica de neutralizar suas emissões de carbono até 2050.

Os esforços da Braskem não se restringem a ampliação da capacidade produtiva e de infraestrutura para estimular a Economia do Mar. A empresa também investe em iniciativas globais para mitigar resíduos plásticos nos processos produtivos. “O desenvolvimento sustentável é um dos pilares da Braskem. Por isso, estamos empenhados em estimular a economia circular na nossa cadeia de valor e evitar que resíduos plásticos cheguem ao meio ambiente, especialmente rios e oceanos”, afirma Alfano.

Plano náutico

E se engana quem pensa que apenas as grandes indústrias contribuem para a Economia do Mar. Os micro e pequenos negócios também são relevantes para as cadeias produtivas de diversos segmentos de apoio. Com foco no turismo, o Sebrae Bahia desenvolveu recentemente o Plano Náutico, documento que busca fortalecer os empreendimentos vinculados a este setor.

“Este trabalho foi feito junto a empresários dos setores hoteleiro e de embarcações, a fim de fortalecer a questão dos roteiros e dos eventos ligados às atividades náuticas. Foram realizadas diversas iniciativas no Baixo Sul, como um estudo da região que envolve desde o início de Morro de São Paulo à Barra Grande, com levantamento de batimetria e de oportunidades. Todo este trabalho está pronto para servir de subsídio para rodadas de negócios dentro da região”,  explica Carlos Henrique Nunes, gerente regional do Sebrae em Santo Antônio de Jesus.

Novas potencialidades

Para a analista da Unidade de Projetos Especiais, Mercado e Internacionalização do Sebrae Bahia, Marcia Suede Motta, com toda esta diversidade que o mar oferece, despontam potencialidades como aquicultura, pesca, expansão de marinas, turismo sol e mar e religioso, gastronomia, cultura, artesanato e construção naval (embarcações artesanais), além de oportunidades de estimular a criação de novas startups em bioeconomia que aproveitem todo o potencial dos biomas marinho e costeiro.

“O atendimento do Sebrae Bahia está presente em todo o litoral do estado, com foco no apoio aos pequenos negócios nas áreas de educação empreendedora, inovação e sustentabilidade oferecendo, através de capacitações ou consultorias, soluções que melhorem a gestão, a competitividade, o acesso a mercado e a crédito das pequenas empresas da cadeia produtiva”, observa Motta.

Fonte: Correio