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Gestão

LD Celulose já opera 100% sua fábrica em Minas Gerais

Joint venture custou US$ 1,4 bilhão e tem capacidade de 500 mil toneladas ao ano

20/12/2022 10h32

Foto: Divulgação

A Dexco, gigante brasileira da indústria de painéis de madeira, revestimentos cerâmicos, louças e metais sanitários imprimiu velocidade na operação de seu mais recente negócio – produção de celulose solúvel. A joint venture LD Celulose, com a austríaca Lenzing, em Minas Gerais, fecha o ano operando ao ritmo de 100%. A capacidade anualizada é de 500 mil toneladas.

“Já estamos produzindo nesse ritmo e a quase totalidade é de celulose solúvel premium”, disse o presidente da LD Celulose, Antônio Joaquim de Oliveira. O projeto foi desenhado para fazer 90% do tipo premium e 10% tipo B.

A unidade de produção entrou em operação em meados do ano, localizada dentro de um reflorestamento de mais de 40 mil hectares de eucaliptos no Triângulo Mineiro. Essa área poderá chegar a 70 mil ha, volume suficiente para atender a demanda da fábrica, disse o executivo. Futuramente, um ganho marginal da ordem de 10% está previsto para a capacidade com desgargalamentos.

A celulose solúvel é utilizada para a fabricação de tecidos como viscose e liocel, e também de não-tecidos, como o material das máscaras descartáveis.

Na joint venture com a austríaca, a Dexco tem 49% de participação e a Lenzing os demais 51%. Na empresa florestal, que dá sustentação de matéria-prima à fábrica, as participações se invertem – 51% da Dexco. O investimento no projeto foi da ordem de US$ 1,4 bilhão – com capital de giro e outras despesas atinge cerca de US$ 1,8 bilhão, informou o executivo.

Toda a produção de celulose solúvel é comprada pela Lenzing, em contrato de 25 anos, que visa o suprimento de suas fábricas na Europa. Os lotes de celulose saem em trens, cuja ferrovia passa dentro da área da LD, e são embarcados em navios no Portocel, terminal portuário em Aracruz (ES).

Na divulgação dos resultados do terceiro trimestre, a companhia informou que a divisão ainda estava em estágio pré-operacional, mas realizou a venda de 45 mil toneladas de celulose solúvel entre julho e setembro. Informou ainda que o aporte industrial totalizou US$ 1,38 bilhão (R$ 7,3 bilhões), sendo R$ 623,6 milhões de desembolso financeiro da Dexco. A base florestal foi avaliada em R$ 487 milhões.

Antônio Joaquim de Oliveira, presidente da LD Celulose - Foto: Divulgação 

A celulose solúvel, segundo Oliveira, é cotada no mercado internacional na faixa de US$ 1 mil a tonelada. É um produto com dinâmica diferente da celulose fibra curta de eucalipto, afirmou.

Dessa forma, a receita da LD será na faixa de US$ 500 milhões ao ano (R$ 2,6 bilhões ao câmbio atual). A Dexco vai lançar o resultado em seu balanço por equivalência.

Em outra frente, a companhia controlada pela holding Itaúsa (mais famílias), com 40%, e pela família Seibel (20%), vem fazendo aportes diretor e por meio do fundo de corporate venture capital DX Ventures em empresas ligadas ao construbusiness. Já foram investidos um total de R$ 237 milhões.

No momento, há estudos em andamento de investimentos nos setores de reformas, serviços e produtos bioquímicos. Com este último seria uma forma de obter mais receita a partir da base florestal que a Dexco já possui.

Desses caminhos, admite o executivo, poderá sair um novo negócio para a Dexco – o quinto.

O DX Ventures, que foi criado em 2021, já investiu R$ 134,9 milhões na aquisição de participações minoritárias em negócios que apostam em tendências do setor construtivo, como as obras industrializadas e o uso de materiais alternativos. Começou há pouco mais de um ano com R$ 15 milhões, ficando com 17,5% da construtech Noah – incorporadora de projetos comerciais e residenciais de madeira engenheirada.

Outro movimento foi a participação de 22,7% da companhia de madeira engenheirada Urbem, que faz construções, total ou parcialmente, de madeira, dispensando o uso de metal ou concreto. O aporte foi de R$ 30 milhões.

O grande aporte do fundo ocorreu em janeiro – R$ 74 milhões -, comprando 13% da Brasil ao Cubo, construtora especializada em obras industrializadas com aço. A empresa do Sul já tinha atraído também a Gerdau, que assumiu 33% do capital da empresa em 2020 via divisão Gerdau Next. A Dexco elevou os investimentos no Brasil ao Cubo a R$ 89,9 milhões, passando a deter 19,4%.

“O investimento da Dexco em venture capital não é financeiro, é estratégico”, afirma Oliveira. Ele analisa que também pode haver sinergia entre os negócios nativos da Dexco e o das empresas investidas. Por exemplo, um vaso da Deca, sua marca de louça sanitária, pode ser adaptado para funcionar em um banheiro de uma edificação da Brasil ao Cubo, que chega pronta no canteiro da obra.

Já a própria Dexco investiu recentemente R$ 102,5 milhões na rede de varejo de materiais de construção ABC da Construção, por 10% de participação na empresa. Segundo a Dexco, os outros 90% pertencem à família fundadora e a fundos de investimento.

A ABC tem 64 anos de história, mas desde 2015 passou a funcionar como franquia. Conta com 300 lojas e planeja abrir mais 200 pontos de venda em 2023, tendo como alvo atingir mais de mil.

Fonte: Valor Econômico