14/12/2020 09h59
Foto: Divulgação
Enquanto o Governo Federal continua sem um plano nacional de imunização contra a Covid-19, perguntas sobre a operação logística precisam ser feitas antes da aprovação de qualquer vacina. O Brasil possui infraestruturas rodoviária e aeroportuária desiguais. Enquanto a região Sudeste é mais preparada, Norte, Nordeste e Centro-Oeste carecem de vias seguras aos locais mais isolados. Além disso, há vacinas que precisam ser refrigeradas a -70°C, enquanto outras podem ficar a entre 2°C e 8°C. São possibilidades muito diferentes e que necessitarão de soluções idem, algumas sob medida.
Para evitar falhas, desperdício de dinheiro público e mais vidas perdidas, será preciso convocar a iniciativa privada.
“É necessário sentar e falar sobre o SUS com as empresas para encontrar formatos de entrega nas diferentes regiões. Não dá para ser arrogante neste momento,” diz Antonio Wrobleski, especializado em planejamento estratégico pela Universidade de Nova York, presidente do Conselho de Administração da Pathfind, conselheiro da BBM Logística e sócio da Awro.
Segundo ele, a falta de planejamento é o maior ponto fraco do Brasil. “Além da vacina, temos os insumos [seringas e agulhas]. Se eu tenho um produto desta complexidade que sairá em fevereiro de 2021, precisaria me preparar pelo menos desde novembro.”
A entrega aos postos será apenas a parte visível de um processo mais complexo e longo. O engenheiro destaca que o transporte das vacinas tem características específicas, como uma refrigeração estável, o que pode encarecer e dificultar a distribuição, conforme a temperatura necessária. Enquanto os imunizantes da SinoVac e da Oxford/AstraZeneca podem se manter entre 2°C e 8°C, o da Pfizer precisa ser preservada a -70°C. Caminhões para transportes de alimentos podem chegar a até -25°C.
“Existem poucas empresas com preparação para operações em temperaturas tão baixas. O plano de logística para o Brasil precisa de grandes armazéns como polos para atender armazéns menores até os postos de vacinação. Se uma dessas coisas falharem, o imunizante é perdido.”
A matéria-prima é importada e modais aéreos e rodoviários precisarão ser utilizados também.
Fonte: Mundo Logística