17/08/2022 07h04
Foto: CBA - Divulgação
Além de preservar as florestas que já existem, o reflorestamento de algumas áreas é uma medida de ajudar o meio ambiente. Na Zona da Mata, uma técnica inédita e inovadora de restauração florestal foi desenvolvida pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e com viveiristas da região de Dona Euzébia.
Estão sendo plantadas mudas altas de espécies nativas da Mata Atlântica nas áreas de reflorestamento da CBA, com o objetivo de acelerar o restabelecimento da flora.
“Trabalhamos para validar essa iniciativa do nosso time de restauração com os cientistas da UFV, contribuindo para a melhoria da biodiversidade na região. Mais uma tecnologia aberta desenvolvida dentro do ambiente da mineração de bauxita que é referência em sustentabilidade, aprimorando nosso jeito de restaurar as florestas”, destacou o gerente das unidades da CBA na Zona da Mata Mineira, Christian Fonseca de Andrade.
Desafio
A técnica foi desenvolvida a partir de um dos principais desafios encontrados na restauração florestal: a competição entre mudas de nativas e gramíneas.
"As nativas sofrem com a competição das espécies invasoras agressivas, como a braquiária, o que resulta, geralmente, em elevadas taxas de mortalidade das mudas plantadas", explicou a companhia.
Para evitar tal situação, mudas mais altas – com altura média de 2,5 metros, cinco vezes maior do que o padrão (cerca de 50 cm) – estão sendo plantadas nas áreas de reflorestamento.
Benefícios
Com o plantio de mudas altas, ocorre o sombreamento mais rápido das gramíneas exóticas, o que contribui para o enfraquecimento e, até mesmo, a erradicação dessas espécies, que prejudicam o desenvolvimento das mudas pequenas.
Além disso, reduz o número de adubações, coroamentos e replantios, em função do escape das mudas da competição com as espécies agressivas.
Outra vantagem é a tendência a reduzir a competição entre mudas de nativas e de espécies exóticas.
De acordo com o professor da UFV, Sebastião Venâncio Martins, o uso de mudas altas, apesar de ser comumente mais aplicada em projetos de arborização urbana, é uma técnica inovadora na restauração florestal.
"A ideia surgiu após constatarmos que a competição por acesso à água, luz e nutrientes com as gramíneas agressivas, como a braquiária e o capim-gordura, resulta em uma alta mortalidade das mudas pequenas. Já as mudas mais altas desenvolvem rapidamente o seu sistema de raízes, que ocupam uma área grande e profunda do solo, absorvendo água e nutrientes de forma mais eficiente para a sua sobrevivência e o seu pleno desenvolvimento”, explicou.
Eficácia e resultados
Até o momento, foram plantadas mais de 90 mil mudas altas nas áreas de restauração florestal. Para avaliar os resultados, a 1ª análise do projeto foi realizada em 2021 pela CBA e pelo Laboratório de Restauração Florestal da UFV (LARF/UFV), que revelou um ótimo desenvolvimento das raízes, permitindo rápida exploração do solo ao redor da cova de plantio.
As raízes das mudas altas analisadas, com idades entre 7 e 19 meses, apresentaram desenvolvimento de 65 cm de comprimento em algumas espécies, sem restrição de crescimento.
As análises apontam, ainda, que o bom desenvolvimento do sistema radicular confere às mudas altas maior capacidade de aproveitamento dos nutrientes da adubação e para suportar períodos de estiagem, se comparadas às mudas menores.
Assim, os resultados da técnica de plantio com mudas altas também indicam a redução do tempo do processo de restauração florestal.
“As mudas altas também funcionam como poleiros para a avifauna, contribuindo para a chegada de sementes trazidas pelos pássaros e, consequentemente, para a manutenção e o aumento da biodiversidade na área em restauração. Essas vantagens ocorrem uma vez que, em diversas espécies, as mudas altas são precoces no florescimento e frutificação, atraindo a fauna desde os primeiros meses do plantio, a exemplo da aroeirinha e da crindiúva, e acelerando o processo de restauração”, complementou o professor.
Monitoramento
A implantação das mudas altas contempla não apenas o plantio, mas todo o período de manutenção e monitoramento das áreas, até que estejam satisfatoriamente desenvolvidas e em equilíbrio ecossistêmico.
Os plantios e experimentos sobre mudas altas são constantemente monitorados por uma equipe especializada em monitoramento ambiental e alguns bioindicadores são acompanhados por pesquisadores do Laboratório de Restauração Florestal da UFV.
Fonte: g1