22/10/2020 07h37
Foto: Mauro Pimentel - AFP
Nos primeiros 20 dias de outubro foram registrados 2.667 focos de incêndio no Pantanal, 408% a mais do que no mesmo período do ano passado, apontam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Mas o bioma não é o único a registrar alta no número de queimadas. Na Amazônia foram mais de 12 mil focos de incêndio somente nos primeiros 20 dias do mês, um aumento de 211% em relação ao mesmo intervalo no último ano.
No Cerrado foram 11.946 focos registrados no período, um crescimento de 86%. Faltando dez dias para o fim do mês, os três biomas já queimaram mais do que durante todo outubro de 2019.
Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, afirmou, em nota, que o aumento dos focos de calor é resultado da "completa falta" de política ambiental do governo.
“Não existe nenhum esforço de prevenção aos desmatamentos e queimadas, e as soluções apresentadas pelo governo como a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) ou a Moratória do Fogo se mostrou completamente ineficiente. Agora a questão que fica é se foi por pura incompetência ou conivência com aqueles poucos que irão lucrar com toda essa destruição”, afirmou Batista.
'O desastre no Pantanal ainda está acontecendo'
O secretário do Comitê Estadual de Gestão do Fogo da Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso coronel Paulo Barroso explica que os incêndios no Pantanal reduziram significativamente por causa das chuvas nos últimos dias, mas destaca que não choveu em toda a região do bioma e que a quantidade de água não foi suficiente para abastecer as lagoas e corixos.
— O desastre ainda está acontecendo. Estamos passando pela segunda fase, que é a fome cinzenta. A área queimada fica sem alimento, e sem água, por causa da seca. Além disso, ainda estamos encontrando animais queimados aqui no PAEAS (Posto de Atendimento Emergencial para Animais Silvestres) — afirma.
Barroso explica que há uma desmobilização das equipes de voluntários que foram trabalhar no resgate dos animais e que agora precisam voltar para casa. Conta também que apesar de terem dinheiro para alocar recursos como aeronaves, caminhões pipa e caminhonetes, eles não estão disponíveis no estado. Por isso defende a necessidade de uma mobilização nacional, que em sua avaliação não está mais ocorrendo.
— Já mandei ofício para o presidente da República, ministro do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Regional, representante da ONU e da UNESCO e não obtive nem resposta. Estão cagando para o problema dos animais no Pantanal. Desculpa o termo, mas estou há 60 dias nessa luta e está uma vergonha. Mandaram gente para o incêndio, mas agora foram embora e estamos tentando alimentar os animais com a ajuda dos voluntários. Nosso país e a ONU não estão dando a devida atenção para o desastre que está acontecendo — afirma.
Fonte: O Glob