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Transporte Aquaviário

Porto de Aratu-Candeias vai receber carga inédita e sustentável

Braskem trará para o Brasil nafta com compensação de carbono emitido no processo de produção e de transporte

11/05/2021 11h36

Carga saiu de Corpus Christi, no Texas – Foto: Divulgação

O Porto de Aratu-Candeias (BA) vai receber, na próxima sexta-feira (14),  o primeiro carregamento de natfa, principal matéria-prima da indústria petroquímica, com a compensação do carbono emitido no processo de produção e de transporte. A operação, realizada em caráter experimental pela Braskem, em parceria com a empresa que fornece o produto, é vista como um possível caminho para tornar mais sustentável a produção da indústria petroquímica global. 

O navio que vai atracar no porto baiano trará uma quantidade de nafta suficiente para abastecer as unidades da Braskem no Polo Industrial de Camaçari por aproximadamente três dias. A carga foi embarcada em Corpus Christi, no Texas (EUA) e deve realizar uma viagem de 15 dias até Aratu-Candeias. As emissões equivalentes de dióxido de carbono que serão compensadas dizem respeito à extração de petróleo bruto e seu transporte por oleoduto, ao processamento para produzir nafta e ao transporte marítimo da carga de 325 mil barris. 

A Trafigura, empresa que forneceu o produto, fez a coleta dos dados relacionados ao processo. A empresa trabalhou com o armador do navio para minimizar as emissões associadas ao transporte da carga, o que incluiu o afretamento de um navio com maior eficiência energética, além de um acordo para que seja feita uma redução de velocidade. 

As compensações foram obtidas de projetos localizados na Indonésia, que são verificados de forma independente pela Verified Carbon Standard.  “A Braskem está comprometida com uma estratégia de economia circular neutra em carbono, e este piloto é um passo nessa direção, contribuindo para compensar parte das emissões da cadeia de valor”, disse Hardi Schuck, diretor de Insumos, Químicos e Afretamento Global da Braskem. “Este anúncio é alinhado aos nossos esforços para continuar a avançar em inovação e desenvolver soluções de baixo carbono”, complementa. 

“É uma operação nova, primeira vez no mundo que acontece uma compensação com carga de nafta. A gente precisa analisar como a sociedade vai ver essa operação, para decidirmos se faz sentido para nós e está de acordo com a nossa estratégia”, explica. A Braskem já definiu como estratégia a redução da pegada de carbono, diz Schuck. 

Isso passa por consumir menos energia, emitir menos carbono, aumentar o portifólio de matérias-primas renováveis e estudos tecnológicos para o uso do CO2 como matéria-prima. “Esses são os eixos principais, em que já atuamos. Agora apareceu essa nova possibilidade que iremos ver como vai se encaixar em nossa estratégia”, destaca. Segundo ele, a compensação pode entrar como uma iniciativa a mais neste processo para reduzir a pegada de carbono.  

“A nafta é um componente vital para o setor de plásticos e essa carga com compensação de carbono, a primeira de seu tipo, demonstra o potencial de reduzir as emissões da cadeia de suprimento de montante para plásticos não combustíveis. Acreditamos que isso seja um passo adicional importante nos esforços do setor para minimizar as emissões”, disse Dmitri Croitor, diretor Global de Nafta e Condensados da Trafigura.

Na Indonésia
Apesar de ainda se organizar como algo voluntário, o mercado mundial de carbono está em franco crescimento. As empresas não são obrigadas a fazer esse tipo de operações, mas ele está se organizando e se documentando muito bem, de modo que já existem entidades que fazem a certificação destes projetos, explica Hardi Schuck. No caso da operação entre a Braskem e a Trafigura, foram escolhidos dois projetos para a recuperação de áreas pantanosas na Indonésia. “Esse aporte vai financiar a recuperação ambiental dessas áreas que estavam sendo alvo de degradação”, conta. 

Segundo Schuck os esforços de compensação poderão ser realizados no Brasil futuramente. “Nós estamos realizando a operação e fazendo uma avaliação deste processo, até aqui está sendo tudo muito positivo. Concluindo que o processo foi bom, deu certo e que valeu a pena, podemos vir a fazer projetos no Brasil e acredito que seria até mais conveniente que isso aconteça no Brasil”, avalia. “Já existem projetos certificados no país com a certificadora que trabalhou neste projeto”. 

Ele explica que a busca pelos projetos indonésios neste momento se deu pela reputação e robustez das operações para a redução de emissões de carbono lá. 

A realização de novas operações do tipo vai depender do resultado da primeira operação em termos de receptividade no mercado e na sociedade. “Se viermos a fazer novas operações,  a expectativa é de que isso aconteça com projetos para a compensação no Brasil, em benefício da Amazônia, por exemplo. Mas a definição ainda não foi tomada”, explica.  

No setor petroquímico mundial, a repercussão da operação é considerada bastante positiva, destaca o diretor da Braskem. “Um grande número de empresas de petróleo nos contatou querendo fazer operações. Vamos estudar e definir o que seriam projetos interessantes nesta área”, acredita. 

No momento, a Braskem descarta a possibilidade de dar um tratamento diferenciado para o produto.  “Estamos fazendo esta primeira operação não para ter retorno financeiro, mas para aprender. Depois vamos nos posicionar”, projeta.

Jornal: Correio