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Transporte Aquaviário

Práticos querem ampliar eficiência do Porto de Santos em 2021

Bruno Roquete Tavares assume a liderança da Praticagem de São Paulo a partir de 1º. de janeiro

29/12/2020 17h45

Foto: Carlos Nogueira

A Praticagem de São Paulo começará 2021 sob novo comando. Em 1º de janeiro, o prático Bruno Roquete Tavares, de 43 anos, assume a liderança da entidade. Eleito em novembro, em uma assembleia da categoria, ele terá mandato válido por dois anos. “O foco na tecnologia e na inovação sempre tivemos e sempre vamos ter. Junto a isso buscamos aumentar a eficiência e diminuir a ociosidade na dinâmica do Porto. A meta principal é manter o excelente trabalho das diretorias anteriores”, afirmou.

Oficial de Marinha Mercante, Bruno completará 10 anos de praticagem no próximo ano – em 2011, ele assumiu como prático restrito, uma das etapas da capacitação até chegar a prático full (sem restrições).

Até o último sábado (26), a Praticagem de São Paulo representa 62 profissionais, que atuam na orientação da navegação das embarcações nas áreas ou acessos de um porto – no caso, os de Santos e São Sebastião (Litoral Norte do Estado). Eles realizam, em média, 31 manobras de navios por dia.

“A Praticagem vem acompanhando (as mudanças do setor) muito bem. O legal aqui da empresa é que sempre nos antecipamos, muito, em relação a qualquer coisa, seja ligada a tecnologia, a uma nova administração, a procedimentos”, afirmou Bruno.

A capacitação dos práticos para o trabalho com navios de 366 metros de comprimento, as próximas grandes embarcações a virem a Santos, é um exemplo dessa antecipação aos cenários de trabalho que estão por vir a se tornar realidade, explica o futuro presidente. “No final de 2016 para 2017, começamos a pensar em uma forma de preparar os práticos e a empresa para receber esses navios, junto com a Autoridade Portuária de Santos (APS) e a Autoridade Marítima”.

Tavares explica que quase todos os práticos já estão habilitados a poder manobrar estes navios novos – atualmente, o Porto de Santos recebe navios de até 336 metros. “Não só passamos horas em simulador, mas como em centros de treinamentos de modelos tripulados”, disse.

Passo à frente

Sobre o fato de a entidade busca estar um passo à frente nas mudanças portuárias, Tavares abordou como observa o processo de privatização da APS e, ainda, a implementação do novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos (PDZ) e da BR do Mar (projeto que visa incentivar a cabotagem no País).

“Essas mudanças que estão para vir, isso tudo acompanhamos há um tempo e a gente vem se preparando para caso essa ou aquela mudança aconteça. A Praticagem sempre se antecipa a tudo. É uma filosofia da empresa, buscar a antecipação para ser uma engrenagem do Porto a trabalhar com uma eficiência de excelência”.

Dragagem

O presidente eleito da Praticagem de São Paulo, Bruno Tavares, ressalta a importância de uma dragagem constante no cais santista, ainda mais com a previsão da chegada de embarcações maiores. “Santos é um porto que geograficamente não mudou. É muito mais fácil você mudar a profundidade do local com a dragagem do que abrir as margens. Isso é impossível. Onde a Autoridade Portuária pode atacar é na dragagem, e como Santos tem rios que desembocam nele (canal), você tem uma taxa de assoreamento mensal até que grande. Santos é um Porto dinâmico e por isso existe essa preocupação de dragagem de manutenção”.

Tavares explica os problemas com a dragagem não afetam só aos práticos. “É importante para o Porto inteiro”. E ressalta que, com a chegada de embarcações maiores, como as de 366 metros, não haverá margem para falhas.

Tecnologia

De acordo com Bruno Tavares, a Praticagem de São Paulo vem investindo em tecnologia, o que julga ser uma filosofia da empresa. “Juntando a expertise do prático e alinhando isso à tecnologia, diminuímos bastante a ociosidade do Porto, do terminal, porque aumentamos as janelas de manobras”.

“Em termos de tecnologia, hoje, já trabalhamos com o que há de ponta no mercado, não tem muito o que inventar, mas sempre buscamos, estamos com o radar ligado para ver o que podemos melhorar no serviço e ser uma engrenagem eficiente para o porto”, diz o presidente eleito. Uma dessas tecnologias, o Portable Pilot Unit (PPU), foi introduzida por Tavares na rotina dos práticos. “É um equipamento (como um tablet) que a gente leva para bordo, principalmente em manobras especiais, que chamamos de manobras de dois práticos, em navios maiores”. São embarcações a partir de 300 metros de cumprimento e 46 de largura, em que os profissionais já contam com o auxílio do equipamento.

“Encerro esse mandato sem nenhum cliente, sem contrato assinado”

Após quase dois anos como presidente da Praticagem de São Paulo e próximo ao fim do mandato, neste final de ano, Carlos Alberto Souza Filho decidiu não buscar a reeleição. Questões pessoais e a expectativa de uma agenda administrativa menos conturbada estão entre os motivos, que não o fizeram recusar, porém, o posto de diretor de Relações Institucionais da entidade – que será comandada a partir de janeiro por Bruno Roquete Tavares.

Souza Filho ressalta que deixa o cargo com sentimento de dever cumprido e disposto a continuar ajudando no desenvolvimento da entidade. “Encerro esse mandato, passo o bastão, sem nenhum cliente sem contrato assinado”.

Sobre a nova função, Souza Filho destacou que colocará à disposição da empresa as relações estabelecidas e a experiência vivida no período como presidente. Segundo o gestor, a Praticagem de São Paulo vive um momento de tranquilidade e consenso entre os profissionais. “Há 15 anos estou aqui no sistema praticagem e sempre houve chapa única para a assembleia que define qual será a próxima diretoria. Não há conflito entre os sócios”.

O atual presidente observa que, mesmo com as mudanças, objetivos são os mesmos: melhorar a eficiência, modernizar as atividades com a implementação de tecnologias e evoluir com ações sustentáveis – a Praticagem investiu em equipamentos para a coleta de água da chuva, usada para lavar as embarcações, e pretende introduzir mecanismos de energia solar.

Souza Filho explica que cada diretoria deve deixar sua marca, ajudar a fortalecer a entidade e, nos últimos dois anos, se disse orgulhoso em ter mantido a harmonia da categoria e resolvido pendências contratuais. “Conseguimos pacificar duas questões muito sensíveis. Há mais de 15 anos, não tínhamos acordo com os armadores nacionais, armadores de cabotagem, e conseguimos fechar por cinco anos. Da mesma forma, ao longo dessa gestão, chegamos a um acordo, também por cinco anos, com Centro Nacional de Navegação Transatlântica (CNNT)”, aponta.

Tempo para melhorar

Com os contratos já negociados a um prazo considerado seguro – muitos têm vigência entre três e cinco anos –, Souza Filho entende que a nova gestão deve se dedicar “a testes para buscar limites de mais agilidade sem perder a segurança”. Ele aponta que esses trabalhos inclusive já começaram. “Há uma demanda dos terminais para reduzir o tempo ocioso e acho que o grande foco da próxima gestão vai ser na parte operacional”, disse.

Ele acredita que, passados os dois anos da gestão da nova diretoria, sobre o comando de Bruno Tavares, a “grande conquista” será “reduzir o tempo ocioso dos terminais através de mudanças nas regras operacionais, que obviamente serão feitas e apresentadas às autoridades Marítima e Portuária”.

Fonte: A Tribuna