31/03/2020 17h42
Foto: Reuters
A indústria de soja, principal produto de exportação do país nos últimos anos, avaliou que persistem problemas causados pela crise do coronavírus, que limitam as viagens de caminhoneiros, responsáveis por transportar aos portos cerca de 50% da safra brasileira.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) disse, por meio da assessoria de imprensa, que continuam as paralisações de postos de serviços a caminhoneiros no interior do país, medidas essas impostas por municípios para combater a doença.
O fechamento de borracharias e restaurantes nos postos está "dificultando o transporte no nosso setor e ainda não vimos uma mudança desde que a portaria (que detalha os serviços essenciais) foi publicada pelo governo semana passada", disse a Abiove, referindo-se a uma medida do governo para tentar resolver o problema.
"Caminhoneiro não quer fazer transporte de longa distância porque não sabe o que vai encontrar pelo caminho. Isso também está impactando no preço do frete", acrescentou a associação, reiterando posição divulgada na semana passada, quando avaliou que o Brasil, ainda assim, conseguirá atender a demanda externa.
O mercado acompanha com lupa a situação no Brasil, já que o país, o maior exportador global de soja, está no pico de escoamento de sua safra, com a colheita em estágio avançado, já tendo sida realizada em mais de dois terços das áreas de cultivo.
Na última semana, representantes de outras cadeias do agronegócio chegaram a reportar problemas na entrega de mercadorias, como foi o caso da indústria de farinha de trigo. Isso em função de alguns bloqueios em municípios.
Após a publicação de uma portaria que estabeleceu, na semana passada, serviços e atividades ligadas à agricultura como essenciais, o setor avaliou que o transporte de produtos poderia ocorrer já sem limitações vistas anteriormente.
Consultadas nesta segunda-feira (30), a associação da indústria do trigo, Abitrigo, informou a ABPA ter notado melhora no fluxo de mercadorias, assim como a entidade que reúne produtores de carne suína e de frango.
Se há algumas restrições para atendimento dos caminhoneiros nas estradas, os portos do Brasil, em contrapartida, estão operando normalmente e os fluxos de produtos agrícolas para o exterior também estão normais, disse à agência marítima Cargonave em boletim que atualiza clientes neste período em que medidas para combater o coronavírus podem atrapalhar as movimentações de mercadorias.
Já na vizinha Argentina os embarques de produtos agrícolas e agroindustriais estão enfrentando atrasos devido aos controles que o governo realiza a navios que ingressam nos portos, disseram nesta segunda-feira fontes do setor agroexportador.
Fonte: Reuters