11/11/2021 10h15
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As vendas do comércio varejista caíram 1,3% em setembro, na comparação com agosto, na segunda retração mensal consecutiva, fechando o 3º trimestre no vermelho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com setembro do ano passado, a queda foi de 5,5% – também a segunda seguida.
O setor fechou o 3º trimestre com queda de 0,4% na comparação com os 3 meses anteriores, após ter registrado crescimento de 2,5% no 2º trimestre.
O IBGE também revisou o resultado de agosto para uma queda de 4,3%, tombo mais intenso que o recuo de 3,1% da leitura inicial.
“Esse segundo mês de queda vem com intensidade razoável, mas em menor amplitude que agosto (-4,3%). Depois da grande queda de abril do ano passado, início da pandemia, veio uma recuperação muito rápida que levou ao patamar recorde de outubro e novembro de 2020. Depois tivemos um primeiro rebatimento com uma nova queda forte em dezembro e dois meses variando muito próximo do mesmo nível pré-pandemia, até março, mês a partir do qual houve nova trajetória de recuperação. Desde fevereiro de 2020, o setor vive muita volatilidade”, disse o gerente da PMC, Cristiano Santos.
Com a nova queda em setembro, o patamar de vendas do varejo retrocedeu, segundo o IBGE, a "níveis comparáveis a abril de 2021 e fevereiro de 2020".
Perda de fôlego
No ano, setor ainda acumula crescimento de 3,8%. Em 12 meses até setembro, alta desacelerou para 3,9%, contra 5% nos 12 meses imediatamente anteriores, evidenciando a perda de fôlego da economia.
Na comparação com o 3º trimestre do ano passado, houve queda de -1,3%, depois de avanço de 14,8% no 2º trimestre.
Veja o desempenho de cada um dos segmentos em setembro, na comparação com agosto:
No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, o volume de vendas caiu 1,1% em setembro. O acumulado no ano ficou em 8% e o acumulado em 12 meses, em 7%.
Impacto a inflação nas vendas
Entre as oito atividades pesquisadas, seis tiveram retração em setembro. As quedas mais intensas foram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,6%), Móveis e eletrodomésticos (-3,5%), Combustíveis e lubrificantes (-2,6%).
A atividade de maior peso no índice, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, registrou queda de -1,5% nas vendas.
Segundo o IBGE, a escalada da inflação foi fator determinante para a queda das vendas em setembro.
“O componente que joga o volume para baixo é a inflação. As mercadorias subiram de preço. Em combustíveis e lubrificantes, por exemplo, a receita foi -0,1%, totalmente estável, e o volume caiu 2,6%. O mesmo vale para hiper e supermercados, que passa de 0,1% de receita para -1,5% em volume", explica Santos.
Segundo o gerente da pesquisa, "artigos farmacêuticos não sobrem tanta pressão inflacionária", o que contribuiu para que este segmento fosse o único a apresentar taxa positiva no mês, embora próximo da estabilidade.
Vendas caem em 25 das 27 unidades da federação
De agosto de 2021 para setembro de 2021, as vendas caíram em 25 das 27 unidades da federação, com destaque para as queda de Mato Grosso do Sul (-3,9%), Santa Catarina (-3,6%) e Rio Grande do Norte (-3,4%). Só houve crescimento no Acre (0,4%) e Mato Grosso (0,2%).
Perspectivas
"A atividade segue frágil na margem que depois de ter se recuperado fortemente após a pandemia mostra falta de tração", avaliou o economista da Necton, André Perfeito.
A inflação persistente, a crise hídrica, o desemprego ainda elevado e as elevadas incertezas fiscais e políticas têm piorado as perspectivas para a economia brasileira. O mercado financeiro tem revisado para baixo as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e elevado as estimativas para a inflação e para a taxa básica de juros (Selic).
A inflação atingiu 10,67% no acumulado em 12 meses até outubro, acima do esperado.
Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial registrou a 4ª queda seguida em setembro, fechando 3º trimestre com retração de 1,7%.
A confiança dos empresários registrou leva alta em outubro, mostrando uma acomodação e reforçando a leitura de desaceleração da recuperação da economia, segundo sondagem da FGV.
A expectativa do mercado financeiro para o crescimento da economia em 2021está atualmente em 4,93%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, após tombo de 4,1% em 2020. Para 2022, a média das projeções está em 1%.
O mercado projeta atualmente uma Selic em 9,25% ao ano no fim de 2021. Entretanto, para o fim de 2022, os economistas subiram a expectativa para a taxa Selic para 11% ao ano, o que pressupõe crédito mais caro e mais freios para o consumo e investimentos.
Fonte: G1