04/01/2024 08h22
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O superávit comercial recorde do Brasil impressionou em 2023, mas deve ser difícil de se repetir à frente, afirmaram economistas e autoridades do governo, prevendo que a queda nas taxas de juros impulsionará as importações.
O desempenho robusto dos setores de petróleo, minério e do agronegócio pavimentou o caminho para um excedente comercial que saltou ao longo da última década, passando a diferenciar o Brasil dos seus pares regionais.
No entanto, o superávit do ano passado cresceu mais de 50% em relação a 2022, para quase 100 bilhões de dólares, em grande parte devido a uma queda de 12% nas importações, uma vez que o valor das exportações ficou quase estável.
Essa dinâmica deverá mudar este ano, dizem os analistas, embalada por uma recuperação dos investimentos, que tiveram performance sofrível em 2023.
Alguma reação é agora prevista em meio ao ciclo de afrouxamento monetário e a um maior ímpeto do setor privado na esteira dos investimentos públicos já sinalizados pelo governo federal para obras de infraestrutura.
Os dados da última década mostram que os investimentos fixos e as importações no Brasil usualmente caminham lado a lado. No terceiro trimestre, a Formação Bruta de Capital Fixo registrou sua quarta queda trimestral consecutiva, uma sequência observada pela última vez no início de 2016, quando o Brasil enfrentou uma das piores recessões da história.
A queda nas importações em 2023, juntamente com volumes mais fortes de exportações agrícolas e minerais que compensaram os preços mais fracos, elevaram o superávit comercial do Brasil para um novo e vultoso recorde. Isso ajudou a reduzir o déficit em conta corrente nos 12 meses até outubro para 1,62% do PIB, o mais baixo desde fevereiro de 2018.
"Me parece explicação importante, relevante e pouco debatida que a melhora do saldo comercial seja um reflexo também do baixo dinamismo dos investimentos", afirmou Gilberto Borça Jr., pesquisador associado do FGV Ibre.
Mesmo que os investimentos não aumentem drasticamente, é provável que se recuperem em 2024, acrescentou ele, o que também deverá elevar as importações.
Fonte: Reuters