26/02/2020 15h27
Foto: Polytan - Divulgação
A Olimpíada de Tóquio tem como uma de suas principais bandeiras a sustentabilidade. O novo Estádio Olímpico, por exemplo, foi projetado para aproveitar o ar exterior como forma de resfriar o seu interior. Já as medalhas foram confeccionadas com o material reciclável, e as camas da vila dos atletas têm base de papelão. Esta preocupação está presente também no piso sintético do hóquei sobre a grama, que é renovável, feito a partir de um plástico brasileiro.
Segundo a empresa Braskem, fornecedora da matéria rima para a alemã Polytan (que é quem elabora o produto final e tem contrato com o Comitê Olímpico Internacional), o produto nacional tem como base a cana-de-açúcar, em vez de petróleo, e possui pegada de carbono neutra.
O plástico reciclável corresponde a 60% de todos os materiais usados no gramado (que também tem enchimentos e camadas de amortecimento), inclusive nas folhas da grama, que são azuis.
“Em cada etapa da cadeia, se mede o quanto é emitido de poluentes e o quanto é absorvido. A fotossíntese da cana-de-açúcar absorve CO2. Então, apesar de ter emissão durante o processo, há mais captura”, explica Martin Clemesha, gerente de economia circular na Europa e Ásia da Braskem.
A cadeia de produção do “plástico verde” é similar à do plástico feito do petróleo. A diferença está na fonte, a cana.
O processo começa em plantações no Sudeste do Brasil, onde a planta é colhida e dela é extraído o etanol, que contém o etileno, com o qual é feito o polietileno. Depois, na região Sul, este é transformado num granulado plástico. O granulado é exportado em sacos para a Europa, onde é feita a grama que será utilizada nos Jogos.
Para a Olímpiada de 2020, o comitê organizador assinou um compromisso com a ONU (Organização das Nações Unidas), no qual atesta a intenção de seguir a Agenda 2030, uma série de diretrizes criadas pelo órgão internacional, com metas para ajudar, dentre outras coisas, no combate ao aquecimento global e na preservação do meio ambiente.
O ramo esportivo ainda está longe de ser o principal para o uso dos derivados da cana-de-açúcar. Mesmo Assim, a bola da Copa do Mundo de 2018 usou uma borracha produzida também a partir do etanol, oriundo de fonte renovável da empresa brasileira.
Já o granulado de polietileno usado para o gramado de hóquei também pode ser transformado em embalagens, utensílios domésticos e rolhas sintéticas, por exemplo.
Segundo a Polytan, não foi só a sustentabilidade que convenceu a COI a escolher a empresa. A grama do hóquei também retém o calor, algo importante se consideradas as altas temperaturas do verão japonês, que no ano passado contribuíram para a morte de pelo menos 116 pessoas. O tapete também seria mais durável, segundo o fabricante.
Estádios de futebol de Canadá, Finlândia, Itália, Suíça e Chile também têm a grama fornecida pela empresa alemã, porém não a partir da matéria prima brasileira, presente, por enquanto, em apenas duas arenas alemãs.
A empresa também trabalha com outras modalidades, como rúgbi e tênis, além de produzir pistas de corridas e pisos para prática recreativa de esportes.
Fonte: Folha de São Paulo